Em uma entrevista de 1976, Aurélio Buarque de Holanda, que dá nome ao Dicionário Aurélio, elegeu quais seriam, na sua opinião, as três palavras mais bonitas da Língua Portuguesa. A resposta veio após Araken Távora — jornalista à frente do programa “Os Mágicos”, exibido pela antiga TVE, e responsável por entrevistar escritores como Clarice Lispector, Ruth de Souza, Ariano Suassuna e muito mais — perguntar qual é a palavra mais bonita do idioma.
Alagoano, Aurélio se formou em Direito, mas acabou sendo professor de Português e de Literatura. De 1961 até a sua morte, fez parte da Academia Brasileira de Letras. O dicionário, depois batizado com o seu nome, foi lançado como Novo dicionário da Língua Portuguesa. É um dos maiores fenômenos editoriais do Brasil, com 15 milhões de unidades vendidas.
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A mais linda: libélula
“Uma das palavras mais bonitas da língua, ao meu sentir, é libélula. Essa palavra é um voo, é uma coisa alada, de poesia imensa. Parece uma coisa que está em um voo incerto, um voo trêmulo, e em grande parte, representa a realidade daquilo. O certo é que libélula é uma palavra do meu profundo encantamento”, explica Aurélio na entrevista.
De origem francesa, libélula é um substantivo feminino da zoologia e faz alusão ao voo planado do inseto. No dicionário, aparece assim: “Gênero de insetos odonatos, de corpo estreito dotados de dois pares de asas membranosas, transparentes, em geral brilhantemente coloridas, cujas larvas, carnívoras e voracíssimas, se desenvolvem nas águas correntes, nas estagnadas ou mesmo no interior de bromeliáceas”.
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“Murucututu” e “alvorada” também estão na lista
Outra palavra considerada bonita pelo Aurélio parece trava-língua, mas é pura musicalidade. “Murucututu”. É também conhecido como corujão, uma espécie de coruja da família Strigidae. No dicionário, está descrito como um substantivo masculino, de origem tupi, considerado um brasileirismo da zoologia.
E “alvorada”? Mais poética impossível: “alvorada” é o nome dado ao crepúsculo matutino, aquele momento em que o céu abre os olhos para o dia. Também significa o canto das aves ao amanhecer. Uma palavra que carrega a ideia de recomeço, frescor e esperança.
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Aurélio não só nos deu um dos dicionários mais famosos do Brasil, como também nos lembrou que as palavras têm vida própria. Seja no voo de uma libélula, no canto de uma coruja ou na luz da alvorada, a Língua Portuguesa guarda poesia em cada detalhe.
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