Se você está iniciando sua trajetória no mercado de trabalho ou já ocupa um cargo de liderança, provavelmente sente — ou já sentiu — a pressão de ser perfeito. Acertar sempre. Entregar 110%. Não mostrar fraquezas. Mas e se essa busca pela perfeição estiver, na verdade, impedindo seu crescimento profissional?
No livro A Coragem de Ser Imperfeito, a pesquisadora norte-americana Brené Brown defende justamente o contrário: é ao reconhecer nossas vulnerabilidades que construímos uma carreira mais sólida, criativa e humana. A obra tem sido um marco para profissionais de diferentes áreas — inclusive para líderes como Anamaíra Spaggiari, CEO do Na Prática, que compartilhou conosco como o livro impactou sua trajetória.
“O livro foi muito importante para mim, quase como um processo libertador. Sempre fui muito dedicada, determinada, estudiosa, e acreditava que o esforço me levaria aos resultados que eu queria. Mas isso também me tornou uma pessoa muito autocrítica e quase perfeccionista”, conta Anamaíra.
O peso do perfeccionismo e a coragem de errar O perfeccionismo é visto muitas vezes como uma qualidade disfarçada. Mas Brené Brown mostra que ele pode nos afastar de oportunidades importantes de aprendizado. Quando tememos o erro, evitamos arriscar — e deixamos de crescer.
“Quando você tem comportamento perfeccionista, tem dificuldade de receber feedback negativo, de admitir erros, sente vergonha. Mas o livro mostra como isso tudo é parte do processo”, diz Anamaíra.
Reconhecer que somos imperfeitos não é sinônimo de comodismo. Pelo contrário: exige coragem para experimentar, errar, aprender e seguir em frente. Para Brené, essa vulnerabilidade é o ponto de partida da criatividade e da inovação — qualidades essenciais para qualquer carreira.
Leia também: 9 lições de liderança do livro “A coragem para liderar”, de Brené Brown Ser -vulnerável é ser mais humano (e melhor profissional) A coragem de ser imperfeito também transforma a forma como nos relacionamos no trabalho. Quando mostramos quem somos de verdade — com acertos e falhas —, construímos relações mais genuínas e nos tornamos líderes mais empáticos.
“Você admitir para si mesmo que não é perfeito permite que você seja mais transparente com os outros. Isso cria conexões mais profundas, a partir do todo de quem você é”, destaca Anamaíra.
Em vez de criar barreiras, a vulnerabilidade aproxima. E, em um ambiente profissional, ela é essencial para formar equipes mais colaborativas, criativas e resilientes.
Leveza para ir mais longe Um dos maiores aprendizados do livro — e do depoimento de Anamaíra — é que aceitar nossa imperfeição traz leveza. E essa leveza é indispensável para quem tem grandes ambições.
“Aprender a rir dos meus próprios erros, me colocar como esse ser humano que erra, tira um peso das costas. Traz uma leveza que é essencial para uma jornada de longo prazo, para quem está realizando muito, está buscando ambições grandes na vida”, afirma.
Caminhos para a coragem profissional Se você quer aplicar os princípios de A Coragem de Ser Imperfeito no seu trabalho, aqui vão alguns passos concretos:
Pratique o “bom o suficiente” em vez de buscar a perfeição em tudo.
Crie espaços seguros para o erro, tanto para você quanto para sua equipe.
Peça e receba feedbacks com abertura, sem assumir que eles definem o seu valor.
Celebre a vulnerabilidade como um ato de liderança.
Seja honesto consigo mesmo sobre seus limites e necessidades.
Leia também: Como lidar com medos e inseguranças na carreira? A verdadeira coragem no trabalho O mercado de trabalho precisa de profissionais técnicos, sim — mas também humanos, autênticos e conscientes de suas vulnerabilidades. A Coragem de Ser Imperfeito é um convite para construir uma carreira mais verdadeira, onde o medo de falhar não paralisa, mas impulsiona.
Se você está começando sua carreira, em um estágio ou já em posição de liderança, vale lembrar: não é a perfeição que inspira e transforma, mas a coragem de continuar mesmo quando não damos conta de tudo. Como diz Brené Brown, “a vulnerabilidade é o berço da inovação, da criatividade e da mudança”.