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O número de casos de fraude está caindo em todo o país, mas o valor aplicado nos golpes, não. O crime está focado em “aumento de produtividade”, elevando o valor dos golpes, aprimorando com o uso de Inteligência Artificial e ameaçando grandes momentos de vendas, como a Black Friday.
Dados da Equifax BoaVista,empresa global de dados, análises e tecnologia, apontam que o índice de fraude no e-commerce no primeiro semestre caiu de 3,65% para 3,39%, se comparado ao mesmo período do ano passado. Já os valores partiram de uma média de R$ 971,85 para R$ 2.033,42 – aumento de 109%.
Esse aparente “ganho de produtividade” coloca lupa sobre as transações na Black Friday, um dos grandes momentos do varejo no ano. A expectativa é de um faturamento de R$13 bilhões no mercado brasileiro, segundo a Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce, o que atrai a atenção dos criminosos..
Segundo a Equifax BoaVista, na última Black Friday, o ticket médio de casos de fraude foi de R$ 1.371,87, com índice de fraude em 4,4% – indicador que mede a relação entre quantidade de pedidos suspeitos de fraude transacional e casos de fraude bloqueados
Como uma tendência às tentativas de fraude, golpistas têm recorrido a novas tecnologias, incluindo Inteligência Artificial generativa, deep fakes de voz e vídeo, explorando falhas em sistemas de autenticação e ampliando o risco de fraudes financeiras altamente personalizadas.
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Por que o valor das fraudes aumentou
Juliano Manrique, superintendente de Produtos Antifraude da Equifax BoaVista, afirma que houve um movimento de “qualificação dos ataques” dos criminosos no primeiro semestre do ano. A queda nas tentativas de fraude e o aumento do ticket médio mostra que os criminosos reduziram o volume e passaram a direcionar esforços para operações de maior valor, capazes de gerar impacto financeiro maior em poucas tentativas.
Esse aumento no valor dos golpes está diretamente ligado à combinação entre vazamento de dados pessoais (usados para dar verossimilhança aos golpes), engenharia social cada vez mais personalizada e o uso crescente de IA para simular identidades, padrões de comunicação e comportamento. “Com mais informações reais em mãos e ferramentas mais sofisticadas, os fraudadores têm confiança para tentar compras de valor mais elevado”, afirma.
“O que vemos é uma tendência clara: menos tentativas, mais ousadia, maior interesse por tickets altos”, avalia Manrique.
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O perigo da IA e deep fake nas compras
O avanço no uso de inteligência artificial pelos criminosos é hoje um dos principais fatores por trás da sofisticação dos golpes, segundo Manrique.
Ele explica que as ferramentas generativas de fácil acesso e baixo custo permitem produzir deepfakes de voz e vídeo capazes de enganar sistemas de autenticação baseados em biometria facial ou de voz, ampliando o risco de falsidade ideológica.
Além disso, diz Manrique, a IA tornou os golpes de engenharia social muito mais personalizados, pois, com acesso a bases vazadas e acesso a perfis legítimos, os fraudadores usam também mais dados reais e conseguem simular com precisão o jeito de falar e até os hábitos da vítima, aumentando a taxa de convencimento.
Outro ponto que evoluiu rapidamente é a automação. Os criminosos usam robôs (bots) para testar credenciais, validar cartões ou “esquentar” informações antes de golpes maiores, operando em escala e em velocidade difícil de acompanhar sem sistemas robustos de detecção. “O resultado é um ambiente em que os ataques se tornam cada vez mais convincentes, rápidos e difíceis de identificar sem tecnologias igualmente avançadas”, avalia.
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Como se proteger de golpes na Black Friday
Enquanto os criminosos se qualificam, as soluções antifraudes também avançam. Manrique explica que as estratégias de prevenção à fraude mais eficazes são multicamadas, com tecnologias que permitem monitoramento de dispositivos, biometria facial, uso de agentes de IA para monitoramento, documentoscopia, e identificação de risco de transações e autenticação de dois fatores, que ajudam na proteção da operação de um e-commerce.
“A dinâmica hoje é clara: quem tem mais dados, mais velocidade e maior capacidade de resposta ganha”, afirma.
Dicas de segurança para o consumidor
Do ponto de vista do consumidor, a melhor defesa continua sendo a combinação entre atenção básica e uso das ferramentas de segurança já disponíveis para fazer as compras online.
Entre elas, estão a autenticação multifator nas plataformas de compra e nos aplicativos financeiros, o que reduz drasticamente o risco de apropriação indevida da conta.
Outra dica é evitar a reutilização da mesma senha em vários serviços e também revisar periodicamente cadastros antigos em e-commerces, uma vez que contas inativas têm sido cada vez mais exploradas justamente porque carregam dados reais e passam uma aparência de legitimidade, explica Manrique.
A atenção com a engenharia social vale para tentativas de contato, por telefone, e-mail, WhatsApp ou SMS, com links não solicitados. “Se o consumidor não tentou fazer o login em um site, ele não deve clicar no link que chegou para validar sua identidade e, quando possível, deve trocar suas senhas como uma proteção extra”, alerta.
Outro ponto de atenção é relacionado aos valores fora do padrão do mercado – ou seja, desconfie de promoções muito tentadoras. “Esta é uma prática usada para coletar dados reais dos consumidores, como CPF, telefone e endereço, criando associação com o próprio cartão de crédito utilizado em uma transação, por exemplo”, afirma Manrique.
“Na Black Friday, a regra é reforçar esses cuidados. Como o volume de transações cresce muito em pouco tempo, ofertas muito abaixo do preço médio e links externos enviados por mensagem exigem atenção redobrada. Conferir o endereço do site antes de inserir qualquer dado e priorizar canais oficiais são medidas simples, mas altamente eficazes. E quando o lojista oferecer algum passo adicional de verificação, como confirmação por app ou token, vale aceitar; essa camada extra existe justamente para proteger o consumidor em momentos de maior risco”, sugere.
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