Dirigimos o modelo da marca chinesa da Stellantis que tem custo benefício agressivo e versão range extended
Por Fernando Miragaya
Tem mais uma chinesa nova no pedaço. Mas que chega com diferenciais que as outras não tiveram. Pois é, a Leapmotor finalmente estreia no Brasil com o SUV grande C10 com direito a uma versão com autonomia de mais de 900 km e a infraestrutura do maior grupo automotivo do país.
Em outras palavras, para vender o C10 – e, a partir de janeiro, o SUV médio B10 -, a Leapmotor vai se valer de uma rede de 36 concessionárias de grupos que estão entre os melhores em vendas com outras marcas da Stellantis. Só que o SUV elétrico tem outros atributos que podem se tornar um combo de sucesso para a marca no país.
Autos Segredos foi até Campinas (SP) para o lançamento oficial da Leapmotor e do C10 no país e ter o primeiro contato com o SUV.
Como é o Leapmotor C10 por fora
O Leapmotor C10 chega em duas versões. A 100% elétrica, por R$ 189.990. E a chamada Ultra Híbrida, que na verdade é um modelo de autonomia estendida que se vale de um motor de combustão para alimentar as baterias e garantir aquele alcance que a gente já citou aqui.
Essa custa R$ 199.990, o que evidencia o custo-benefício para encarar outros elétricos e híbridos chineses. Se formos comparar, um BYD Yuan Plus – que ostenta nível de equipamentos similar com o C10 – custa R$ 235.800. Mesmo um híbrido como o Haval H6 PHEV 19 chega a R$ 241 mil.
Vamos falar primeiro do design e conteúdo do Leapmotor C10, ou apenas Leap C10. O SUV tem 4,73 metros de comprimento e 1,90 metro de largura, porte parecido com o de um Jeep Commander.
Essa percepção de carro grande é reforçada pela dianteira com capô abaulado e conjunto óptico full LED horizontalizado. A barra luminosa mais baixa que liga os dois faróis está lá, recurso já manjado na indústria.
Outra manha: para-choque parrudo e integrado, com luzes auxiliares nas extremidades para fazer o carro parecer mais largo. No geral, este visual dianteiro lembra o de tantos outros SUVs chineses do mercado.
Mas atente-se aos vincos do capô e do para-choque. São um dos poucos que você vai encontrar no Leapmotor C10, já que o jipão elétrico abusa das linhas limpas. Nas laterais, linha de cintura reta e carroceria sem saliências – até as maçanetas são embutidas.
Uma curiosidade é que essas rodas que você vê nas fotos são aro 20”. Isso mesmo. Só que o bicho é tão grande e a caixa de roda é meio alta, que à primeira vista as rodas até parecem menores.
Na traseira, a carroceria se alarga abaixo da linha do vidro traseiro, dando aquele aspecto de “culote”. Na tampa, novamente elementos retilíneos e lanternas interligadas, com a barra luminosa com “animação” própria. O spoiler esconde a palheta do limpador.
A única coisa que difere as duas versões do C10 é a tampa “extra”, do reservatório de combustível, do lado direito do SUV com autonomia estendida. No 100% elétrico só tem a portinhola para a tomada de carregamento, do lado esquerdo.
Hora de entrar no Leap C10
Bora para dentro do Leapmotor C10 e o ambiente impressiona mais uma vez. Não cansei de pressionar com as mãos o material da parte central do assento e do encosto dos bancos, extremamente macia e com ótima densidade. Em conjunto com as abas laterais, recebem o corpo muito melhor que a poltrona lá de casa.
A cabine impressiona pela qualidade dos materiais. Superfícies acolchoadas e emborrachadas estão por toda parte, e os revestimentos, discretos, agradam tanto ao olhar quanto ao toque.
Tem ainda a funcionalidade a bordo (com 20 porta-objetos e 8 porta-copos) e a questão do espaço. Motorista tem folgas (muitas folgas) para pernas, joelhos e ombros. Uma rápida olhada no painel e, ops, cadê as saídas de ar?
Elas estão em duas barras de frestas quase escamoteadas pelo tablier: uma na mesma linha do painel e outra mais abaixo e para cima, justamente para garantir que o ar seja direcionado para os ocupantes.
Outro ponto que causa estranheza, mas que parece ter virado uma regra entre os elétricos chineses, é a quase ausência de botões físicos.
Sim, o Leapmotor C10 segue aquela chatice do minimalismo “a la Volvo”. Com exceção dos comandos dos vidros no apoio da porta, tudo tem de ser operado pela central multimídia. “Ah a geração Z está acostumada”, o que soa como uma grande balela.
Primeiro porque, no caso do Leap C10, fica difícil que o público majoritário do SUV tenha menos de 35 anos. Segundo, porque a operação, por mais que você seja dono do veículo e esteja acostumado, não é tão rápida para ajustar simples funções como retrovisores externos ou modos de condução. Terceiro: sim, eu sou da geração X e sinto falta dos botões.
No banco traseiro, o espaço surpreende ainda mais. São 2,82 metros de entre-eixos e fizemos um teste com um colega jornalista de 1,83 m de altura. Recuamos todo o banco do motorista para trás e ainda sobrou um bom espaço para joelhos e pés.
O vão para cabeças é ótimo também, lembrando que o C10 traz o belíssimo teto panorâmico Sky View que se estende até a coluna C. Lá atrás, o porta-malas do Ultra Híbrido tem 435 litros e o do 100% elétrico, 465 litros.
SUV chinês tem pacote robusto de ADAS
Em equipamentos, começamos pela oferta de itens de assistência à condução Nível 2. O Leapmotor C10 se vale de 4 câmeras de visão periférica, 1 câmera dianteira monocular, 4 radares ultra sônicos e 2 radares de ondas milimétricas. Além da câmera de monitoramento de fadiga do motorista.
Com isso, o SUV oferece controle de cruzeiro adaptativo, detecção de colisão com frenagem autônoma, alerta de colisão traseira, alerta de tráfego cruzado com frenagem, sensor de ponto cego, assistente ativo de centralização e correção de faixa, detecção de mão ao volante, alerta de abertura de porta e alerta de fadiga do condutor.
Além disso, central multimídia com tela de 14” e conexão sem fio com smartphones, carregador de celular por indução, bancos dianteiros com ajustes elétricos, ventilação e aquecimento e quadro de instrumentos eletrônico fazem parte do pacote básico do SUV grande importado da China.
Enfim, ao volante do Leapmotor C10
Mas vamos ao que interessa: como o Leap C10 se comporta ao volante? Durante o lançamento, testamos a versão Ultra Híbrida, também chamada de REEV (Range Extended Electric Vehicle), que, como mencionado, combina motor elétrico com um gerador a combustão.
Ou seja, o motor dianteiro de ciclo Atkinson, 1.5 a gasolina de 85 cv e quatro cilindros não traciona as rodas. Ele gera energia para a bateria mover o propulsor elétrico, esse sim responsável por movimentar o Leap C10.
Bom lembrar que não é uma tecnologia inédita. A BMW já havia adotado conceito semelhante com o i3 em 2013 e antes disso a GM, com o Chevrolet Volt.
Dentro deste sistema, o Leap C10 oferece quatro modos de condução:
- EV+: prioriza o uso do motor elétrico, acionando o motor de combustão apenas quando a bateria estiver baixa
- EV: permite o uso combinado, ideal para viagens que mesclam trechos que urbanos e rodovias
- Combustível: ativa o motor a gasolina automaticamente, recomendado para viagens longas
- Power+: aciona o motor de combustão desde a partida, mantendo-o em funcionamento contínuo
O test-drive percorreu 200 km entre Campinas e Leme (SP), com ida em modo elétrico e retorno em modo combustão. Na saída, o computador de bordo indicava mais de 800 km de autonomia.
Ressaltando que, segundo a marca, o alcance total com tanque e bateria cheios é de 950 km. Só que pelo otimista ciclo chinês WLTP. No Inmetro, isso tende a cair para pouco mais de 660 km.
Na estrada, o Leap C10 2026 mostrou bom desempenho. Com 215 cv (a versão 100% elétrica entrega 218 cv), acelera de 0 a 100 km/h em 8,2 segundos no modo Conforto, com respostas suaves e excelente isolamento acústico.
Após alguma dificuldade para navegar pela central multimídia, ativamos o modo Esportivo. O carro ficou mais responsivo, com acelerador e freios mais sensíveis, mas sem comprometer a principal proposta do Leap C10: o conforto ao rodar.
Apesar do porte avantajado e da tração traseira, o SUV é fácil de conduzir. A direção elétrica não varia muito com a velocidade, mas mantém boa estabilidade. Apenas a 110 km/h notamos uma leve trepidação no volante – o que pode ser problema de alinhamento da unidade avaliada.
Ao mesmo tempo, em retas e altas velocidades, o Leap C10 demonstrou uma construção sólida. Contribui para isso o sistema de bateria integrada à plataforma, o que aprimora o centro de gravidade, e o fato de 70% da carroceria utilizar aços de alta e de ultra resistência.
Chegando à cidade de Leme, ainda restavam mais de 750 km de autonomia. Na volta, ativamos o modo Power+, ou seja, com o motor de combustão alimentando as baterias.
O funcionamento do motor a gasolina é bem discreto. Sente-se uma vibração mínima na cabine. E o isolamento acústico continua um primor durante a viagem, com vedação eficiente de ruídos de vento e de rodagem, mesmo acima dos 100 km/h permitidos.
A central multimídia permite acompanhar em tempo real o uso das baterias e do motor de combustão. Foi aí que percebemos que o consumo médio registrado no sistema era de 7 litros a cada 100 km.
O test drive da Stellantis previa uma parada no nosso destino de retorno em Campinas para abastecer. Surpresa! O tanque (de 50 litros ao todo) aceitou apenas 6 litros, mesmo após 100 km rodados.
Como é a recarga do Leapmotor C10 2026
No caso do Leapmotor C10 Ultra Híbrido, a bateria tem menor capacidade, de 28,4 kWh, e, por isso mesmo, o tempo de recarga é menor. Veja os dados de cada versão:
Leapmotor C10 BEV – 100% elétrico
- Capacidade da bateria: 69,9 kWh
- Potência: 160 kW (218 cv)
- Tempo de recarga AC (11 kW): 3,9h (30% a 80%) ou 7,8h (5% a 100%)
- Tempo de recarga DC (84 kW): 30 minutos (30% a 80%)
- Leapmotor C10 REEV – Autonomia estendida
- Capacidade da bateria: 28,4 kWh
- Potência: 158 kW (215 cv)
- Tempo de recarga AC (6,6 kW): 3h (30% a 80%) 6h (5% a 100%)
- Tempo de recarga DC (65 kW): 18 minutos (30% a 80%)
Foto principal | Leapmotor/Divulgação
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