Quando vemos este pequeno artrópode caminhando sobre um pote de doces na cozinha, sempre nos referimos a ele como “a formiga“. Mas já pensou só se ele for macho?! Neste caso, qual seria o masculino de formiga? Bom, este é um dilema que aflige muitos insetos que se enquadram numa classificação gramatical de gênero conhecida como “epiceno“.
“Os epicenos usam uma única forma, geralmente associada a um único gênero gramatical, e distinguem o sexo com as palavras macho ou fêmea”, explica a professora Rebeca Mendes, especialista no ensino de Língua Portuguesa pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e coordenadora de Linguagens e Códigos no Colégio 7 de Setembro. Ou seja, não existe uma palavra específica para designar o masculino de formiga, devemos dizer simplesmente “formiga macho”!
Mas já se perguntou por que os insetos, répteis, peixes e alguns outros animais não tiveram a “honra” de ganhar substantivos diferentes para flexionar o gênero? “O interesse gramatical está mais voltado para a espécie do que para a diferenciação sexual”, explica Rebeca, referenciando a Gramática Normativa da Língua Portuguesa de Rocha Lima.
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Mas e o tal do formigão?
Se você já ouviu dizer por aí que o masculino de formiga é formigão, saiba que tem explicação. Mendes resolveu “cutucar” outras professoras do colégio onde leciona a respeito da dúvida, e sua xará Rebeca Xavier trouxe uma resposta curiosa:
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“Em linguagem padrão, é substantivo epiceno. No entanto, na linguagem coloquial (no português brasileiro), tanto pode ser considerado epiceno quanto biforme, tendo formiga no feminino e formigão como forma masculina. Assim como tigre, que se apresenta como biforme na fala cotidiana (tigre/tigresa) e epiceno na linguagem formal (tigre macho/tigre fêmea).”
Quando se trata de arrasar em uma redação ou concurso, não tenha dúvidas: “formiga é um substantivo epiceno. Se houver algum ‘formigão’ por aí, ele vive na nossa criatividade”, afirma Rebeca Mendes.
O gênero nos animais
Aí vai uma dica para facilitar seus estudos quando se deparar, novamente, com dúvidas a respeito do gênero dos animais. A professora de Língua Portuguesa consultou as principais gramáticas e fez uma breve explicação das quatro possíveis classificações:
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Biformes – apresentam formas distintas para o masculino e o feminino (ex: leão/leoa, cavalo/égua).
Uniformes – têm uma só forma para os dois sexos e se subdividem em:
Epicenos – usam uma única forma, geralmente associada a um único gênero gramatical, e distinguem o sexo com as palavras “macho” ou “fêmea” (ex: a cobra macho / a cobra fêmea).
Comum de dois gêneros – mesma forma, mas o gênero gramatical varia com o artigo (ex: o estudante / a estudante).
Sobrecomuns – possuem apenas uma forma e um gênero gramatical, independentemente do sexo (ex: a criança, o cônjuge).
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